UMA BREVE REFLEXÃO

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O pedágio anulado.

  No lado oeste de San Diego, na Califórnia, há um lugar chamado Coronado, onde fica situada uma importante base naval dos Estados Unidos. Ali está a sede de uma escola para pilotos de jatos de combate, que se tornou famosa através de um filme de 1986, chamado “Top Gun, Ases Indomáveis”, com Tom Cruise, Kelly McGillis, Val Kilmer e outros. Coronado também é um subúrbio de classe média alta em San Diego, e tem várias atrações turísticas, inclusive excelentes praias.

  Estive em Coronado no ano 2000, na companhia de um importante diretor do MInistério dos Transportes do Brasil. Ficamos três dias em San Diego, inclusive num sábado e aproveitamos para fazer um tour completo da cidade, em um ônibus de excursão, daqueles em que o motorista é um verdadeiro guia de turismo, que vai dando informações sobre todos os locais visitados.

  Coronado é considerada uma ilha, mas está ligada ao continente por um istmo, que se estende para o sul. Como a viagem entre Coronado e San Diego pelo sul era muito longa, foi construída uma ponte entre as duas cidades, inaugurada em 1969. Através dela, uma viagem que demorava quase uma hora, agora leva menos de 10 minutos e da ponte se tem uma linda vista da baía de San Diego.

  Quando a ponte foi construída, decidiu-se cobrar pedágio para amortizar os custos da construção. Embora o pedágio fosse barato, era uma despesa a mais para quem passava todos os dias pela ponte. Então, com a finalidade de incentivar o transporte solidário, foram construídas faixas ao lado direito das cabines de pedágio, onde a passagem era livre e grátis, desde que o veículo estivesse transportando mais de uma pessoa. 

  Em relação ao pedágio da ponte de Coronado, há uma informação interessante. Quando a ponte foi inaugurada, o pedágio era de US$ 0,60 em cada sentido. Em 1980, o sistema foi mudado e passou-se a cobrar como pedágio a quantia de US$ 1,20, mas apenas no sentido San Diego-Coronado. Na volta, a passagem passou a ser livre. Repito que a finalidade da cobrança de pedágio era pagar pela construção da ponte. Uma vez que a construção foi totalmente paga, em 1997, o pedágio foi reduzido… Isso mesmo, fo reduzido para apenas um dólar, para pagar pela manutenção. Em 2002, o pedágio foi totalmente abolido e a passagem passou a ser grátis nos dois sentidos. Hoje, fala-se em cobrar pedágio de novo, para cobrir os custos de manutenção da ponte e reduzir os congestionamentos nos horários de pico de tráfego.

  No dia em que passei por lá, o motorista do ônibus contou uma história que se tornou quase uma lenda popular em San Diego e que tinha acontecido alguns anos antes.

  Uma mulher ia dirigindo de San Diego para Coronado e, ao aproximar-se do pedágio, tomou a pista da direita e não pagou. Em questão de segundos, ela foi obrigada a parar o carro, perseguida por um patrulheiro rodoviário em sua Harley Davidson preta e branca. Foi autuada por não pagar o pedágio de um dólar e estava sujeita a uma multa de  quase 100 dólares!

  A mulher decidiu recorrer à justiça e contratou um advogado. Ela estava grávida de sete meses, e alegou que não estava passando sozinha pela ponte e que, portanto, tinha direito de passar sem pagar.

  O caso foi muito comentado e a imprensa lotou a sala do tribunal, no dia em que o juiz iria anunciar sua decisão. A sessão foi transmitida ao vivo, por todos os canais de televisão de San Diego.  A decisão do juiz, fosse ela qual fosse, iria abrir um precedente importante.

  O magistrado decidiu que a mulher realmente tinha razão e que a criança ainda não nascida tinha que ser considerada como um passageiro do veículo e que, portanto, a mulher estava isenta da cobrança de pedágio.

  Mas o juiz não decidiu apenas isso. Ele também elogiou o patrulheiro rodoviário por ter cumprido sua missão e acrescentou que o policial não era obrigado a adivinhar que a mulher estava grávida, antes de parar o veículo infrator. E ainda determinou que a polícia continuasse parando todas as mulheres que passassem dirigindo sozinhas pelo pedágio da ponte de Coronado, e que as deixassem continuar sua viagem, sem multá-las, se estivessem grávidas.

  Uma criança ainda não nascida livrou a mãe de pagar uma multa de quase 100 dólares. É incrível ainda haver gente que defende o aborto…

  Leia o Salmo 127.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Poderoso corrupto é condenado e vai pra cadeia.

Rod Blagojevich, poderoso ex-governador do estado americano de Illinois, do partido Democrático, que tentou vender o lugar de Barack Obama no Senado, quando Obama tornou-se presidente dos Estados Unidos, foi considerado hoje culpado desse crime e de 16 outras acusações de corrupção, enquanto foi governador. Vai pra cadeia, provavelmente pelo resto de sua vida.

Pelas leis americanas, quando vaga um assento no Senado Federal, o governador do estado representado por esse assento tem o direito de nomear uma pessoa para terminar o mandato do senador que deixou a vaga. Barack Obama era Senador por Illinois e, ao tornar-se presidente, deixou vago o seu cargo no Senado, que Bagojevich poderia preencher, indicando uma pessoa. Ele quis aproveitar-se disso para faturar alguns milhões, mas caiu do cavalo…

É, amigos, viver hoje nos Estados Unidos não é a mesma coisa que era algumas décadas atrás. A economia passa por momentos difíceis, há muito desemprego e a corrupção está por toda parte. Mas é assim em muitos países, até da América do Sul. A grande diferença aqui é que o corrupto, quando é investigado e sua culpa é provada, vai parar na cadeia muito depressa. E vai pra cadeia comum, junto com ladrões, assassinos, traficantes e outros.

Ainda há coisas boas neste país, que servem de exemplo para muita gente.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

As areias do perdão.

Contaram-me uma história sobre dois amigos que estavam caminhando pelo deserto. Durante a jornada, os dois tiveram uma discussão e um deles deu um tapa no rosto do outro.

Aquele que recebeu o tapa não reagiu. Ficou magoado mas, sem dizer nada, escreveu na areia: “Hoje, meu melhor amigo me deu um tapa no rosto.”

Os dois continuaram caminhando, até que chegaram a um oásis, onde decidiram mergulhar no pequeno lago de água fresta. Aquele que havia levado um tapa no rosto escorregou no barro do fundo do lago e começou a se afogar. O amigo veio imediatamente e salvou-lhe a vida.

Depois que se recuperou do susto, ele escreveu numa pedra: “Hoje, meu melhor amigo salvou minha vida.”

O homem que havia dado um tapa no amigo e que acabara de salvar sua vida, perguntou:

-- Quando lhe dei um tapa, você escreveu na areia e agora escreveu numa rocha. Por quê?

O outro respondeu:

-- Quando alguém nos magoa, devemos escrever na areia, onde os ventos do perdão apagam rapidamente as palavras amargas. Mas, quando alguém faz alguma coisa boa para nós, devemos escrever numa pedra, para nunca mais se apagar.

Aprenda a escrever suas mágoas na areia, e a entalhar suas bênçãos numa rocha.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dica para evitar roubo de identidade.

Você já deve saber que os ladrões estão dispostos a tudo para obter dados de pessoas honestas. Números de contas bancárias, de cartões de crédito, de RG, de CPF, título de eleitor, carteira de motorista e outros, são bastante úteis para os ladrões. E, se eles estão dispostos a tudo, é preciso que usemos de todas as ferramentas disponíveis para complicar a vida deles.

Jogar documentos no lixo não adianta nada. Os ladrões têm coragem mais do que suficiente para ir aos lixões e procurar no meio daquela sujeira por qualquer coisa que lhes possa ser útil. Os papéis que jogamos fora, embora sejam biodegradáveis, podem ser lidos durante muitos meses, mesmo depois de terem ficado sujeitos a temporais, vendavais e outros atos da natureza.

Antigamente eu queimava os papéis, mas isso é complicado e perigoso. Uma solução muito melhor que encontrei foi acelerar o processo natural de degradação dos papéis. Depois de terminado o processo, será impossível ler os papéis. Funciona assim:

1. Junte todos os papéis e documentos de que você quer se livrar, e ponha em uma vasilha grande, um balde ou algo ainda maior, dependendo da quantidade de papéis que você quer destruir. Deixe bastante espaço livre em cima dos papéis.

2. Encha com água. Não é preciso usar qualquer tipo de produto químico. Basta que você cubra os papéis com água e mexa bem, depois que o recipiente estiver cheio.

3. Deixe esse molho repousar durante uns três ou quatro dias. Se possível, mexa um pouco de vez em quando, para acelerar ainda mais o processo de degradação dos papéis.

4. Depois disso, será preciso escoar a água, usando uma peneira grande. Para o pessoal do interior, o ideal é aquela peneira usada para peneirar os grãos de café. Mas, se não for possível, use qualquer objeto perfurado, que permita a passagem da água e retenha o papel molhado. Uma boa parte do papel que tiver sido deixado de molho certamente já terá sido transformada em polpa. O restante, mesmo que forem folhas inteiras de papel, estará suficiente encharcado.

5. Com uma mangueira d’água, lance o esguicho forte sobre o papel que estiver escorrendo. Ele irá sendo rapidamente destruído, e a água irá escorrendo para baixo da peneira. O que sobrar desse processo será apenas polpa de papel, que pode até ser reciclado. Basta espremer a polpa numa prensa e voilà! Papel reciclado!

Se você mora em apartamento, a coisa fica meio difícil. Vá à casa de seus pais, ou de seus filhos, ou procure um parente, amigo ou vizinho de confiança, que lhe permita deixar o papel de molho durante três dias. No apartamento, realmente não dá.

Papel plastificado e cartões de crédito devem ser destruídos manualmente. Eles não se transformam em polpa.

Pode confiar no que estou dizendo. Hoje cedo acabei de me livrar de uma mala cheia de papéis antigos, usando esse processo.  É até divertido e deu tão certo que vou repetir isso periodicamente.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A tecnologia e o desemprego.

Quando me mudei para Miami, em 1998, tive que chamar um técnico da minha provedora de Internet para instalar o modem e o software no meu computador. Naquele tempo era assim. Hoje em dia a coisa está muito mais fácil e posso instalar tudo eu mesmo.
Mas, quando o técnico ligou meu computador, viu na tela uma foto de Montreal, e me disse que tinha sido caminhoneiro e que havia viajado muito, levando e trazendo cargas, entre Nova York e Montreal. Um dia, ele se cansou de ser caminhoneiro e resolveu fazer um curso de computação. O sindicato ajeitou tudo e o homem mudou de profissão. Em outras palavras, ele se reciclou, para não ficar pra trás.
Nos Estados Unidos e em muitos outros países do primeiro mundo, praticamente desapareceram certas profissões, como a de ascensorista e a de frentista de posto de gasolina, por exemplo.
Eu me lembro de que, quando morava em Houston, no Texas, em 1984, já era possível encher o tanque de combustível do carro sem falar com ninguém e sem ajuda de frentista, nem nada. Eu nem sabia direito o que era um computador, mas a bomba de gasolina já era um computador dos mais modernos. Desde aquele tempo, só é preciso colocar o cartão de crédito na bomba, encher o tanque e ir embora. O débito é feito automaticamente na conta do cartão, porque todos os estabelecimentos têm ligação direta com os bancos, via satélite. Em alguns lugares, nem é preciso ter cartão de crédito, e pode-se pagar pelo combustível na própria bomba, com dinheiro vivo. A bomba até dá o troco, se for o caso.
Deve haver milhares de postos de gasolina que são comandados por uma única pessoa, postos com uma dúzia de bombas, loja de conveniência e até lava rápido. Lá dentro, uma só pessoa fica na caixa para cuidar de tudo. E esses postos funcionam 24 horas por dia. Os próprios clientes abastecem seus veículos, compram como em um supermercado e podem lavar seus carros sem sair deles.
Cada vez mais estabelecimentos comerciais estão optando pelo sistema de “self check out”, isto é, auto pagamento da compra. Em supermercados e em redes de grandes lojas, como o Walmart e o Home Depot, por exemplo, o pessoal que trabalha na caixa já começa a ser dispensado, em favor de máquinas que atendem o cliente praticamente da mesma forma. Todos os artigos vendidos têm códigos de barras, que são lidos pelo computador. No caso de ser preciso pesar a mercadoria, o computador pesa e calcula o preço. É possível pagar com cartão de débito bancário, cartão de crédito ou com dinheiro vivo.
Nesses estabelecimentos, há sempre alguém supervisionando, para o caso de haver algum problema. Mas uma só pessoa controla até 10 máquinas. Isto é, nove pessoas perderam o emprego com essa história. Só que, para o cliente, é muito melhor e mais rápido, há menos filas e o custo é o mesmo. A empresa se beneficia de todas as vantagens que o computador oferece, isto é, ele não falta ao trabalho, nunca fica doente, trabalha 24 horas por dia sem reclamar, não tira férias, não tem nenhum direito trabalhista, não precisa ser promovido, nunca pede aumento salarial, não faz greve, não tem licença gravidez…
Nos aeroportos, há muito tempo que se pode fazer o “check in” num terminal de computador, que emite o cartão de embarque. Mas também se pode fazer o “check in” pela Internet, 24 horas antes do voo e imprimir o cartão de embarque em casa ou no escritório. Com isso, muita gente está perdendo o emprego.
Até os pilotos de avião estão com os dias contados. Você não acredita?  Então, ainda não conhece os “drones”, que são aviões militares não tripulados, usados pelos Estados Unidos nas guerras do Oriente Médio e até nas fronteiras nacionais, contra a entrada de imigrantes ilegais. Os ”drones” que estão voando no Oriente Médio, são pilotados via satélite, por pessoas que estão em Washington, no outro lado do mundo…
Antigamente eu tinha que ir ao banco praticamente todos os dias. Hoje, passo meses e meses sem pisar no banco. É tudo feito pela Internet, diretamente de casa ou pelo telefone celular. Verifico meu saldo, transfiro dinheiro entre minhas contas e faço todos os meus pagamentos mensais com um simples clique do mouse. Até depósitos em cheque eu posso fazer através do meu telefone celular, direto de casa, do escritório, da rua, e até da praia. Muita gente perdeu o emprego por causa dessa facilidade que a Internet nos proporciona.
Aquelas garotas bonitas ou rapazes sorridentes que atendem no McDonald’s também estão sendo dispensados aos poucos. Em alguns lugares, o cliente já pode pedir o seu Big Mac num terminal de computador e sua comida será servida num instante. Afinal, o pessoal que está dando atendimento hoje no McDonald’s e em outros restaurantes do gênero não faz mais do que apertar alguns botões no computador, de acordo com o pedido do cliente. E, se é só para apertar botões, o cliente mesmo pode fazer isso.
Aquele motorista de caminhão que se tornou técnico de computação fez uma coisa que todo trabalhador deveria fazer: reciclou-se. Os ascensoristas deveriam reciclar-se, e os frentistas de postos de gasolina também. Qualquer um pode apertar os botões do elevador e não é preciso fazer faculdade para operar uma bomba de gasolina. Limpar o pára-brisa é coisa que o dono do veículo pode fazer sozinho e o nível de óleo dos carros modernos não baixa entre as trocas. E, se baixar, o computador de bordo seguramente vai avisar.
Telefone público praticamente desapareceu, e as linhas chamadas “terrestres”, isto é, as linhas de telefone residenciais, também estão desaparecendo. Na América do Norte e na Europa, os correios estão sofrendo prejuízos cada vez maiores, por causa da Internet.  O progresso vai atropelando tudo e acabando com muitas profissões. Aquele que não se recicla, vai ficando obsoleto, inútil. É preciso reciclar-se! Você, acha que sua profissão está garantida?
Já existem no mercado muitos softwares de tradução e até o Google traduz todos os idiomas, gratuitamente. Mas eu não tenho medo de perder meu emprego ou de ficar obsoleto porque, como tradutor, sou muito melhor do que o Google…

sábado, 18 de junho de 2011

Lembrando de meu pai.

Meu pai faleceu há quase 48 anos, quando tinha apenas 46 anos de idade mas ainda é uma grande inspiração para mim. Espero poder ser para meus filhos metade do que ele foi para meu irmão e eu.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Hoje é dia de reclamar.

Primeiro, quero me queixar da imprensa, que insiste em publicar certas coisas que não acho corretas. Por exemplo, chamam as vias marginais, na capital paulista, de “Marginal Pinheiros” e “Marginal Tietê”. Essas vias têm nomes, que a imprensa não usa. As vias que estão às margens dos rios Pinheiros e Tietê, são a “Marginal DO Pinheiros”, e a “Marginal DO Tietê”. Mas é mais fácil falar errado, não? E insistem tanto no erro que acabam pervertendo tudo e o errado acaba sendo o certo… É o tal dePortuguês Brasileiro que inventaram e que agora querem oficializar.
Outra coisa que me irrita profundamente, no comportamento da imprensa, é o modo como falam da corrida de Fórmula 1, quando é realizada no nosso país. Quando a corrida ocorre na França, chama-se “Grande Prêmio DA França”. Na Alemanha, é “Grande Prêmio DA Alemanha”, no Japão, “Grande Prêmio DO Japão”, na Hungria, “Grande Prêmio DA Hungria”, e assim por diante: “Grande Prêmio DE Portugal”, “Grande Prêmio DA Inglaterra”, “Grande Prêmio DO Canadá”, “Grande Prêmio DOS Estados Unidos”… Só no Brasil é que o nome muda, porque a imprensa brasileira sabe mais do que a imprensa do resto do mundo. Então, quando a corrida de Fórmula 1 é realizada no nosso país, os jornalistas a chamam de “Grande Prêmio Brasil”. Ora, “Grande Prêmio Brasil” é um evento anual de hipismo, isto é, uma corrida de cavalos, realizada no Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro. A corrida de Fórmula 1, em Interlagos ou em qualquer outro autódromo brasileiro, é o Grande Prêmio DO Brasil! Não é um absurdo?
Tampouco entendo a maneira de a imprensa referir-se a certas marcas de automóveis, como se fossem do gênero feminino. Então, falam em “uma Ferrari”, “uma Corvette”, “uma Lamborghini”, “uma Maseratti”, etc. Por que isso? Com certeza acham mais bonito dizer “uma Corvette” do que “um Corvette”. Talvez seja só uma questão de preferência, não sei.
Em francês justifica-se porque, para eles, o carro é “la voiture”. Na Itália também, porque carro para eles é “la macchina”. Mas, nesses países, todos os carros entram na mesma categoria. No Brasil, não. Aqui tem AS Ferraris e AS Lamborghinis, e também tem OS Chevrolet, OS Ford, OS Renault, OS Peugeot, OS Fiat, OS Chrysler, OS Honda, OS Kia, etc. Que loucura!
O idioma inglês é muito mais prático nesse aspecto, porque o automóvel entra na categoria do neutro, e não é “he” (ele) nem “she” (ela): é “it”. Aí, não tem erro.
E também há aqueles que acham que um carro pode ser sexy. Garanto que esses, não entendem nada de sexo.
Finalmente, quero reclamar do comportamento de todo mundo, quando alguém morre. Pode ser o pior crápula do mundo, o maior corrupto, o maior vigarista. Quando esse sujeito morre, todo mundo vem com aquele papo de sempre: “Puxa, ele era tão bonzinho…”.
Isso me irrita profundamente. Mas não digo que deveríamos esquecer das boas qualidades da pessoa que morreu e falar só de seus efeitos. Longe disso. O que eu acho é que deveríamos ver as boas qualidades de todos os nossos semelhantes enquanto eles ainda estão vivos, e não só depois que morrem. O ser humano tem a tendência de ver apenas os defeitos de quem vive e de ver só as qualidades de quem morreu. Adianta alguma coisa elogiar a pessoa que já não vive? Claro que não. Seria muito melhor ver o lado bom de todo mundo com quem convivemos, e também seria excelente se pudéssemos aprender a perdoar o nosso semelhante por seus defeitos. Afinal,ninguém é perfeito e todo mundo tem as suas falhas.
Perdoe a minha falha por estar reclamando tanto.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Antigamente era muito melhor.

Desembarquei do Boeing 747 da Pan Am no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha e fui logo tirando o passaporte da bolsa, para mostrar às autoridades. Quando cheguei diante do guichê onde deveria apresentar meus documentos, o oficial alemão olhou sério e fez um gesto insistente com a mão, para que eu seguisse adiante, para a área de bagagem. Ele nem olhou para meu passaporte. Ninguém olhou.

Na área de bagagem, foi a mesma coisa. Peguei minha mala e saí do aeroporto, sem falar com ninguém nem mostrar documentos, nem abrir a bagagem na alfândega.

Faz tempo que aconteceu isso. Foi em 1976, e eu vinha de Nova York, a caminho da Áustria, onde ia transmitir o Grande Prêmio de Fórmula 1 daquele ano, um dos mais importantes da história, porque foi exatamente 15 dias depois do acidente quase fatal de Niki Lauda com sua Ferrari, em Nurburgring, na Alemanha. O comendador Enzo Ferrari ainda era vivo e causou um verdadeiro furor na Fórmula 1 quando, logo após o acidente de Lauda, lançou-se a procurar desesperadamente por um piloto para tomar o lugar do austríaco, porque não imaginava seus carros fora da pista na Áustria.

Minha chegada ao aeroporto de Frankfurt naquela sexta-feira deve ser lembrada como comparação ao que acontece hoje. Eu não precisei de visto, não mostrei o passaporte a ninguém e não tive minha bagagem revistada. Na partida de Nova York, no dia anterior, também não tive que enfrentar nenhuma revista e minha bagagem não passou pelo raio X. Se você já fez alguma viagem internacional, sabe como a coisa ficou complicada nesse aspecto.

E, se você não teve a alegria de voar com a Pan Am, nos áureos tempos daquela grande companhia, não sabe o que perdeu. Naquela viagem à Alemanha e em muitas outras que fiz em aviões dessa empresa, o lugar a bordo, mesmo na classe econômica (repórter de rádio e TV só viaja de classe econômica…) era muito mais espaçoso e confortável. Mesmo que o passageiro da frente inclinasse ao máximo o seu assento, ainda era possível relaxar, comer tranquilamente na mesinha do encosto da poltrona à frente e até cruzar as pernas. Era possível inclinar o assento quase até a horizontal, e dormir à vontade.

Até na nossa Varig o conforto era muito maior do que hoje em dia. Mas a Pan Am era uma empresa infinitamente maior e mais importante. Tão importante, na verdade, que foi a responsável pelo nascimento do avião que todos conhecemos como “Jumbo”, o Boeing 747. Em 1965 Juan Trippe, que era presidente da Pan Am, pediu a seu amigo Bill Allen, dirigente da Boeing, que produzisse um novo modelo de avião para sua empresa. Trippe especificou quantos passageiros queria transportar, a velocidade que o avião deveria ter, sua autonomia e até sua capacidade de combustível. Dessa colaboração nasceu o 747, cujo primeiro vôo comercial foi feito no dia 22 de janeiro de 1970, pela Pan Am, obviamente. O avião fez tanto sucesso que ainda hoje, 41 anos depois, é um dos mais procurados pelas empresas aéreas e pelos passageiros. Até agora foram produzidas mais ou menos 1.500 unidades do Jumbo, e um novo modelo, o 747-8 já começa a ser entregue às empresas aéreas, com inovações que certamente o manterão em uso durante muitos e muitos anos.

Tenho viagem marcada para Washington, DC, para o próximo mês de julho. Vou passar uns dias em visita à capital americana, com minha mulher, revendo todos os lugares que me acostumei a visitar durante muitos anos, a serviço do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Mas já estou me preparando psicologicamente para o verdadeiro “castigo” que vou ter que enfrentar, como enfrentam hoje em dia todas as pessoas que viajam de avião. Vou ter que ficar pelo menos uma hora na fila de espera para a rigorosa revista a que precisarei ser submetido no aeroporto. Depois, entrar num avião lotado e dar um jeito de me acomodar em uma poltrona estreita, num lugar onde quase não há espaço para meus joelhos. E vou pedindo a Deus que, na minha frente, não se sente algum egoísta que deita a poltrona para trás e tira ainda mais o meu já reduzido espaço a bordo. O voo sem escalas entre Miami e Washington vai durar só duas horas e meia, mas sei que vai ser uma provação. E, na volta, outra dose da mesma chateação. Dá até vontade de cancelar a reserva feita na American Airlines e ir de carro...

Não há dúvida: antigamente, viajar de avião era muito melhor, mais confortável e bem mais barato!

sábado, 11 de junho de 2011

O verão está chegando.

A mangueira no quintal está carregada. Os mamoeiros que Mary plantou já começam a produzir e, dentro de alguns dias, teremos frutas suficientes para comer e para dar aos vizinhos e aos amigos.

Na segunda-feira nasceu Lianna, minha terceira neta, filha de meu filho Daniel. Felicidade total.

Aqui já é quase verão e o calor intenso é aliviado pela brisa constante que vem do mar. Com o verão, chega também a temporada de furacões, que vai de 1º. de junho a 30 de novembro. Pode parecer que temos furacões todos os dias durante o verão, mas não é bem assim. O último que passou por aqui foi até bem manso, e nos visitou há quatro anos.

Quando morei em Montreal, no Canadá, na década de 1960, uma das coisas que me deixavam impressionado era a rapidez com a qual a prefeitura limpava a neve, quando caíam aquelas tempestades quase diárias, no inverno. Lá a neve é uma certeza todos os anos e, portanto, a cidade está preparada. Tem o pessoal especializado e o maquinário necessário, e sempre separa uma verba para cobrir os elevados custos da remoção da neve, para que a cidade continue funcionando, mesmo que caia uma tempestade muito forte.

Em Miami, é mais ou menos assim, em relação aos furacões. Há preparo, e há intensas campanhas, todos os anos, avisando os moradores para que façam a sua parte e se preparem para a eventualidade de um furacão passar por aqui.

A tecnologia ajuda muito e, ao contrário do que acontecia em décadas anteriores, há hoje um sistema muito bem montado de previsão, que indica onde o furacão vai passar, vários dias antes de sua chegada. E nós podemos acompanhar tudo pela Internet. Vou dar o link do site do Centro Nacional de Furacões, que atualiza suas informações várias vezes por dia, caso um furacão apareça no oceano Atlântico ou no Pacífico: http://www.nhc.noaa.gov/.

O Centro Nacional de Furacões fica situado aqui em Miami, a uns 8 km de minha casa, e tem o que há de mais moderno em equipamento eletrônico, satélites e aviões, para acompanhar os furacões e também tem computadores poderosíssimos que desenham modelos que indicam onde o furacão poderá passar.

Você pode clicar acima do mapa no site do Centro para acessar informações sobre os oceanos Atlântico (Atlantic) e Pacífico (Eastern Pacific). Se você clicar agora, vai ver o furacão Adrian no litoral oeste do México. Clique no ícone do furacão e você verá todos os detalhes a respeito, inclusive informações sobre o movimento futuro da tempestade, intensidade dos ventos, etc. No caso do Adrian parece que ele vai ficar no mar e não vai afetar diretamente o México.

Outro dia saí com uns amigos e fiz uma pequena viagem a um lugar chamado Isla Morada, no istmo que fica ao sul da península da Flórida, chamado de “Florida Keys” e que liga esta cidade a Key West. É um lugar maravilhoso, de turismo intenso o ano inteiro. Em Isla Morada fomos almoçar num restaurante especializado em frutos do mar e, embora o cardápio ofereça muitas opções deliciosas, também contém pratos que não são do meu agrado. Lá eles servem carne de golfinho, de arraia e de crocodilo, por exemplo, coisas que nunca provei e não quero provar. Prefiro ficar com comidas mais tradicionais, como camarão, tilápia e que tais.

Mas foi uma viagem interessante porque os amigos com quem fui eram todos motoqueiros, e eu viajei com minha picape Chevrolet 1954. Foi um belo passeio e passamos um dia muito agradável.

A picape está em ponto de bala e, com a chegada do verão e as férias de minha mulher, acho que vamos rodar bastante com a camionete nos próximos meses. Vontade de encarar a estrada não falta. E a gasolina, embora seja considerada cara, até que não custa muito: R$ 1.51 o litro. E a qualidade é das melhores, embora haja uma mistura de 10% de etanol na gasolina. Minha picape, com motor de 6 cilindros, 4.100, está fazendo uma média de 11 km por litro, o que não é mau.

Uma palavrinha final: aproveite tudo que a vida lhe oferece a cada momento. Isso não vai durar para sempre.