No lado oeste de San Diego, na Califórnia, há um lugar chamado Coronado, onde fica situada uma importante base naval dos Estados Unidos. Ali está a sede de uma escola para pilotos de jatos de combate, que se tornou famosa através de um filme de 1986, chamado “Top Gun, Ases Indomáveis”, com Tom Cruise, Kelly McGillis, Val Kilmer e outros. Coronado também é um subúrbio de classe média alta em San Diego, e tem várias atrações turísticas, inclusive excelentes praias.
Estive em Coronado no ano 2000, na companhia de um importante diretor do MInistério dos Transportes do Brasil. Ficamos três dias em San Diego, inclusive num sábado e aproveitamos para fazer um tour completo da cidade, em um ônibus de excursão, daqueles em que o motorista é um verdadeiro guia de turismo, que vai dando informações sobre todos os locais visitados.
Coronado é considerada uma ilha, mas está ligada ao continente por um istmo, que se estende para o sul. Como a viagem entre Coronado e San Diego pelo sul era muito longa, foi construída uma ponte entre as duas cidades, inaugurada em 1969. Através dela, uma viagem que demorava quase uma hora, agora leva menos de 10 minutos e da ponte se tem uma linda vista da baía de San Diego.
Quando a ponte foi construída, decidiu-se cobrar pedágio para amortizar os custos da construção. Embora o pedágio fosse barato, era uma despesa a mais para quem passava todos os dias pela ponte. Então, com a finalidade de incentivar o transporte solidário, foram construídas faixas ao lado direito das cabines de pedágio, onde a passagem era livre e grátis, desde que o veículo estivesse transportando mais de uma pessoa.
Em relação ao pedágio da ponte de Coronado, há uma informação interessante. Quando a ponte foi inaugurada, o pedágio era de US$ 0,60 em cada sentido. Em 1980, o sistema foi mudado e passou-se a cobrar como pedágio a quantia de US$ 1,20, mas apenas no sentido San Diego-Coronado. Na volta, a passagem passou a ser livre. Repito que a finalidade da cobrança de pedágio era pagar pela construção da ponte. Uma vez que a construção foi totalmente paga, em 1997, o pedágio foi reduzido… Isso mesmo, fo reduzido para apenas um dólar, para pagar pela manutenção. Em 2002, o pedágio foi totalmente abolido e a passagem passou a ser grátis nos dois sentidos. Hoje, fala-se em cobrar pedágio de novo, para cobrir os custos de manutenção da ponte e reduzir os congestionamentos nos horários de pico de tráfego.
No dia em que passei por lá, o motorista do ônibus contou uma história que se tornou quase uma lenda popular em San Diego e que tinha acontecido alguns anos antes.
Uma mulher ia dirigindo de San Diego para Coronado e, ao aproximar-se do pedágio, tomou a pista da direita e não pagou. Em questão de segundos, ela foi obrigada a parar o carro, perseguida por um patrulheiro rodoviário em sua Harley Davidson preta e branca. Foi autuada por não pagar o pedágio de um dólar e estava sujeita a uma multa de quase 100 dólares!
A mulher decidiu recorrer à justiça e contratou um advogado. Ela estava grávida de sete meses, e alegou que não estava passando sozinha pela ponte e que, portanto, tinha direito de passar sem pagar.
O caso foi muito comentado e a imprensa lotou a sala do tribunal, no dia em que o juiz iria anunciar sua decisão. A sessão foi transmitida ao vivo, por todos os canais de televisão de San Diego. A decisão do juiz, fosse ela qual fosse, iria abrir um precedente importante.
O magistrado decidiu que a mulher realmente tinha razão e que a criança ainda não nascida tinha que ser considerada como um passageiro do veículo e que, portanto, a mulher estava isenta da cobrança de pedágio.
Mas o juiz não decidiu apenas isso. Ele também elogiou o patrulheiro rodoviário por ter cumprido sua missão e acrescentou que o policial não era obrigado a adivinhar que a mulher estava grávida, antes de parar o veículo infrator. E ainda determinou que a polícia continuasse parando todas as mulheres que passassem dirigindo sozinhas pelo pedágio da ponte de Coronado, e que as deixassem continuar sua viagem, sem multá-las, se estivessem grávidas.
Uma criança ainda não nascida livrou a mãe de pagar uma multa de quase 100 dólares. É incrível ainda haver gente que defende o aborto…
Leia o Salmo 127.